Oito em cada dez seguradoras já trabalham com inteligência artificial

Oito em cada dez seguradoras já trabalham com inteligência artificial

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O impacto da inteligência artificial aumenta ano após ano no setor segurador por toda a Europa, com algumas variantes consoante as regiões. Dados de um recente relatório desenvolvido pela Minsait junto de empresas espanholas revela que a maioria das entidades está atualmente a trabalhar em projetos relacionados com a IA e dois terços já os implementou. Os mais avançados apostam nos aspetos relacionadas com o cliente, para o conhecer melhor e tentar fidelizar a marca, bem como reduzir o risco de fuga e de fraude.

Estas são algumas das conclusões do relatório “IX Inteligência Artificial e Termómetro de Dados no Setor Segurador Espanhol” apresentado pela Minsait (Grupo Indra) em colaboração com o ICEA, onde participaram 57 entidades, uma quota de mercado que representa 70,7% do volume de prémios de o setor segurador espanhol que, em 2023, ascendeu a 76.364 milhões de euros (estimativas do ICEA).

O estudo agora apresentado teve como objetivo analisar em profundidade o nível de implementação da IA ​​no setor segurador espanhol através de um questionário dividido em cinco áreas: situação, recursos humanos, tecnologia, aplicação e utilidade e modelos.

Segundo o relatório, 68% das entidades que estão atualmente a desenvolver projetos de Inteligência Artificial têm um departamento específico dedicado exclusivamente a esta área. O estudo destaca ainda, por mais um ano, as dificuldades que as seguradoras enfrentam para atrair talentos especializados em IA e dados. Os perfis mais difíceis de encontrar incluem arquitetos de infraestrutura, especialistas em legislação de IA, profissionais em MLOPS e especialistas em engenharia de machine learning.

O relatório confirma como o setor segurador é uma indústria que gere e necessita de grandes volumes de dados e de informações. Por isso, tem um elevado potencial para melhorar a sua eficiência e personalização de produtos graças à implementação de Inteligência Artificial. A sua adoção, reflete o estudo, vai aumentar a competitividade das seguradoras, permitindo-lhes reduzir custos, reduzir fraudes e melhorar processos em termos de tempo e experiência do cliente e em operações como precificação, subscrição ou gestão de sinistros em qualquer sucursal. Entre os desafios mais relevantes identificados pelas empresas participantes encontra-se a necessidade de um maior alinhamento de negócios e tecnologia para esta área, a necessidade de formação extensa em todos os perfis nas seguradoras, e também a disponibilidade de perfis especializados”.

Indústria dos Seguros em Portugal

O setor segurador posiciona-se como um forte e pioneiro adotante da IA, devido às suas capacidades de integração e à utilização intensiva de dados inerentes ao negócio.

O mercado segurador português, como explica Sara Atalaya, Head of Insurance da Minsait, em Portugal (Grupo Indra), “Está já a arrancar com projetos de integração da IA generativa nos seus modelos de negócio, como por exemplo, na gestão de sinistros automóveis/domésticos, possibilitando o processamento e avaliação de sinistros através de imagens, no apoio ao segurado, com esclarecimento de dúvidas e gestão de serviços de reparação de forma totalmente autónoma”.

Outras vantagens da IA referidas pela especialista incluem também: “Processos de subscrição mais eficientes e automatizados, o que permite realizar avaliações de risco mais precisas, na identificação de padrões e tendências emergentes nos dados, melhorando a deteção de riscos, fraude e proporcionando uma vantagem competitiva às empresas que os adotam, entre outros casos de uso.”

Atualmente, o foco das empresas nacionais está na “reflexão sobre as capacidades internas e na elaboração de planos que permitam avançar com segurança na integração desta tecnologia nos diferentes projetos de transformação, garantindo o real benefício e sustentabilidade do investimento”, concluí Sara Atalaya.

AI Act e o seu impacto no setor

No que diz respeito à regulação, embora seja um aspeto inerente ao próprio setor segurador, não é compreendida pelas empresas consultadas no relatório espanhol como o desafio mais relevante a ultrapassar. Oito em cada dez entidades envolvidas nestes projetos tecnológicos já estão a implementar diversas medidas ou a gerir planos específicos para cumprir com os novos requisitos regulamentares. As iniciativas vão desde a revisão dos seus processos de desenvolvimento até a atualização das políticas internas e de gestão de dados, de forma a alinhar-se aos padrões de segurança, transparência e ética dos novos requisitos.

Sara Atalaya aponta que “com a entrada em vigor do AI Act, as seguradoras contam com o desafio adicional de incorporar o regulamento na prática, a destacar ações como a auditoria dos sistemas de IA, um inventário consistente com os requisitos legislativos e o estabelecimento de itinerários de acordo com os requisitos da AI Act. Com isto, torna-se fundamental a distribuição inteligente de responsabilidades e a transferência de boas práticas para ferramentas do dia a dia.”

O cliente no centro da Inteligência Artificial

Os projetos de inteligência artificial estão cada vez mais focados nas áreas relacionadas com o cliente, com o objetivo de compreender melhor as suas necessidades e melhorar a fidelização à marca, além de reduzir riscos como fuga de clientes e fraudes. No caso dos seguros para o setor automóvel, a utilização da vídeo avaliação baseada em IA continua a aumentar todos os anos, consolidando-se como uma ferramenta essencial para as empresas que implementam esta tecnologia. Embora os departamentos de Marketing, Operações e Atuarial sejam os que demonstram maior interesse em IA, não são quem lidera estes projetos, o que evidencia a importância da Inteligência Artificial noutros aspetos estratégicos como a fidelização, eficiência operacional e retenção de clientes.

O número médio de modelos de IA implementados continua a aumentar ano após ano, atingindo uma média de 17 por entidade. Os algoritmos de Inteligência Artificial continuam a alimentar-se principalmente de dados estruturados, embora exista um crescimento na percentagem de organizações que incorporam dados semiestruturados e não estruturados nos seus modelos. Além disso, a monitorização automatizada de modelos é cada vez mais relevante, com 87% das entidades já a implementá-la em pelo menos um dos seus processos.

Os dados deste relatório sobre as seguradoras coincidem com o trabalho apresentada para este setor no Relatório Ascendant, que a Minsait apresentou há alguns meses e que reflete a análise do grau de adoção da IA ​​em mais de 900 organizações em vários países, incluindo Portugal, em 15 setores de atividade. Neste relatório, a indústria seguradora posicionou-se como uma das pioneiras na incorporação da IA, muito à frente de outras áreas como a Indústria ou a Administração Pública, devido à sua capacidade de integração e à utilização intensiva de dados inerentes ao negócio (cálculos de risco atuarial, análise preditiva, investimento, entre outros).

Sobre o autor

Fernando Costa

O Fernando é o diretor do InforGames. O seu primeiro computador foi o ZX Spectrum, e foi aqui que começou a interessar-se pelo mundo dos videojogos. Apesar de já ter jogado em várias plataformas, o PC continua a ser a sua plataforma de eleição. No que diz respeito a jogos, gosta de estratégia, corridas e luta.

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