De regresso às análises dos jogos, trago-te a análise a um jogo 2D Side Scrooling chamado The Spirit of the Samurai. Vê o que achei.
The Spirit of the Samurai, caso não conheças este jogo, é uma aventura de ação em 2D de deslocação lateral (side-scrolling) que se passa numa aldeia rural de samurais no Japão antigo. Nele, jogamos na pele de várias personagens, com o guerreiro Takeshi à cabeça. Takeshi é um samurai protetor da aldeia que, durante séculos, serviu de cão de guarda contra uma ameaça sobrenatural demoníaca, o Oni do folclore japonês. Quando o mal chega ao nosso mundo, Takeshi embarca numa rápida viagem através das ruínas do seu mundo e dos seus amigos, abrindo caminho através de hordas de monstros e mortos-vivos para enfrentar a fonte do mal, Jorogumo.
Para ajudar, Takeshi terá a companhia do seu fiel companheiro gato Chisai, bem como um pequeno espírito da floresta (um kodama, como os que vimos no filme Princesa Mononoke), que terão as suas próprias secções na narrativa do jogo. Mas o peso da história é carregado pelo guerreiro, que, através de um sistema de estatísticas simples emprestado do género RPG, melhora as suas capacidades e poder para enfrentar inimigos ainda mais poderosos.
Ao leres o que disse em cima, podes pensar que The Spirit of the Samurai é quase como uma versão melhorada de The Messenger, Shinobi ou The Last Ninja, e terias toda a razão, pois essas são algumas das principais influências que podem ser retiradas da sua jogabilidade. Mas The Spirit of the Samurai é também um trabalho visual em constante movimento. A história desenrola-se através de cenas cinematográficas curtas, lindamente animadas e iluminadas (não podemos esquecer, que se trata de uma equipa muito pequena) que depois transitam para secções de jogo ao estilo stop-motion. A personagem jogável move-se e luta utilizando esta técnica de animação, derivada do trabalho anterior dos membros deste estúdio novato, enquanto luta contra outros samurais mortos e monstros animados pela mesma técnica.
Os controlos de The Spirit of the Samurai não são nada de especial. As predefinições são muito familiares para os fãs de ARPG, deixando-nos com um botão para atacar corpo a corpo e outro para disparar um arco de longo alcance, para além da popular mira para itens consumíveis (poções de saúde ou vigor, kunais e outros objetos de arremesso), um botão de esquiva, um botão de salto e o botão de bloquear/parar. Estes são funcionais, embora por vezes a precisão não seja muito boa. O salto é desajeitado e o timing de rolar e bater não é muito preciso. É algo que pode ser ajustado em futuras atualizações, mas mesmo agora podes “adapta-lo” ao teu estilo de jogo se tirares partido da árvore de habilidades de Takeshi, ao criares combos diferentes.
Este sistema de criação de combos em diferentes posições reafirma o conceito de animação da personagem em stop-motion. Em cada combinação, desde atacar de frente, atacar com salto, agachar-se… Podes escolher os movimentos a atribuir, e cada um deles varia em termos de velocidade de ataque e força do golpe. Para descobrir novas “katas”, é preciso explorar cada secção do jogo em profundidade, desbravando áreas opcionais ou completando pequenas missões secundárias que surgem no caminho. Com cada novo nível de experiência, são também descobertos novos movimentos, e podes também aumentar os teus atributos de Força, Resistência ou Destreza da Espada e do Arco para te adaptares melhor ao teu estilo de jogo. Graças a esta personalização, a “aspereza” da precisão do controlo é reduzida, e The Spirit of the Samurai é perfeitamente agradável do princípio ao fim, mesmo que não se seja um especialista neste tipo de jogo de ação.
Além disso, utilizando o incenso que recolhemos dos inimigos caídos, podemos adquirir ingredientes para curar a saúde, flechas de fogo e outros itens úteis.
O que é claro é que a experiência global de The Spirit of the Samurai é satisfatória, mesmo para além de ter um trabalho artístico tão especial. A interpretação de voz (em inglês ou japonês) é muito bem feita e a história, que também se liga ao presente de certa forma, manteve-me entretido durante algumas horas até aos créditos finais. Se gostas de jogos mais lineares do género Souls e procuras algo diferente, The Spirit of the Samurai é para ti.